30 de abril de 2012

Um viajante pelo velho mundo

 






Téo, o viajante.
Foi mais fácil que eu pensava. Viajar com o menino por quase 15 dias pela França foi moleza perto do que eu imaginei. Estava preparada para ver o menino emagrecer rejeitando a culinária francesa, passar noites em claro sentindo falta do berço, mal-humorado estranhando tantas mudanças de ambiente e clima. Mas Téo adorou. Tudo.

Na segunda noite, já tinha entendido que o colchão no chão ao lado da cama dos pais era o cantinho dele e ia sozinho pra lá quando anunciávamos a hora de dormir. Nas primeiras noites, ensaiou voltar para a sala vendo que, sem as grades do berço, estava livre! Desistiu quando perdeu a graça e preferiu ficar dormindo mesmo. Na volta pra casa, berço de novo, sem problema. Só não entendeu por que a mamãe não podia ficar “aqui, mamãe”, quando ele apontava para dentro do berço, querendo que eu deitasse um pouquinho ao lado dele como fazia na viagem. Fofo!

Gostar de vestir casacos e gorros, ele não gostou. Mas rapidinho entendeu que aquilo era necessário! Hehe... Não estava tão frio, mas para quem não está acostumado, pegar 10°C, 12°C é bem geladinho, né...  Para facilitar, compramos uma meia-calça de carros para ele usar embaixo da calça e tudo de carros aqui em casa é sucesso garantido. E compramos uma capa de chuva para o carrinho de bebê que permitia passearmos tranquilos ao ar livre.


Chuva, muita chuva em Paris.

A comida é um capítulo à parte! O menino a-m-o-u tudo! Os pães fizeram o maior sucesso, ele passou dois dias comendo praticamente só isso. As papinhas à base de salmão, peixe, galinha d’angola e receitas típicas da região foram todas aprovadas. É engraçado como alimentação é algo muito cultural desde sempre. Aqui a gente não costuma dar pimentão para os bebês. Eu mesma acho muito forte. Mas ele curtiu muito uma papinha que era cheia de pimentão. Mais: Téo gostou até mesmo dos queijos de lá! Aqui eu só dou queijo minas ou prato. Ele ficou fã de queijo de cabra! Os iogurtes, então... Aff, ele tomava sozinho, com gosto, e pedia outro!



Qualquer mercadinho da esquina tem pelo menos tudo isso de papinha! Os supermercados têm uma estande enorme inteira com infinitas opções!


No quesito entretenimento, Téo também só tem elogios ao velho mundo. Em Toulouse, cidade em que passamos a maior parte do tempo, os parquinhos tinham sempre brinquedos para a faixa etária dele, tudo bem seguro e educativo. Ele voltou querendo subir escadas sozinho, e cheio de auto-confiança, porque sem a necessidade de uma mãe neurótica com medo por perto, ele se soltou bem mais. E tem áreas para as crianças nos restaurantes grandes, nos vários parques e praças. Nossa, um sonho! Em qualquer lugar também era possível encontrar um daqueles carrosséis bem fofos, que o menino curtiu muito mesmo. 

Que parquinho divertido, mamãe!




Encantado com o metrô.
Mas o que ele mais gostou, sem sombra de dúvidas, foi de voar de avião por tantas horas, ver um monte de carros na rua e andar de metrô. Sim, juro. Para ele, passar nove horas no avião foi a maior diversão. Até dormiu, quase a viagem toda! Aqui em Brasília ele vê o trânsito de dentro do carro. Então, poder caminhar pela rua vendo os carros passarem fez o maior sucesso. Mas o preferido foi o metrô. Ele saía da estação e já queria voltar. Era um dos poucos momentos em que ele chorava! Ficou espantando, com os olhões arregalados, achando tudo fantástico.

A minha percepção em relação à viagem foi de que existe muita estrutura, nas cidades que visitei pelo menos, para os próprios pais cuidarem dos filhos. Como não há babás para ajudar, são os pais que têm que se virar, né... Mas tudo bem: você tem, por exemplo, o parquinho bem cuidado em todo canto, todo tipo de acessório para facilitar o cuidado com as crianças e várias opções de papinhas prontas. Várias mesmo. Quatro ou cinco marcas diferentes, inclusive algumas orgânicas, e vinte, trinta receitas. E tem comida para criança de 15, 18, 24 meses! Tem até chocolate específico para criança pequena, com reduzido teor de açúcar! Tudo adaptado.

Bom, pra finalizar e pra que ninguém pense que tudo “são flores”, vamos às dificuldades. Na Europa, nem sempre tem fila preferencial para quem tem bebês. E aí você fica lá carregando sua “malinha sem alça” de 13 quilos e ninguém está nem aí. Os franceses, particularmente, não toleram muito bem o comportamento das crianças: eles os educam para se calarem em público e já li até que só saem de casa quando a criança já tem condição de se portar bem. Tenho certeza que os gritinhos do Téo, fossem de felicidade ou de birra, me renderam alguns vários olhares de recriminação, os quais preferi ignorar. O menu enfant da maioria dos restaurantes é algo tão saudável quanto nuggets com batata frita. Eu acabei preferindo as papinhas prontas mesmo ou então Téo garfava nossa comida. Ele preferiu comer Cassoulet a se entupir de nuggets! Vai entender...

Sobre viajar com um bebê de um ano e 10 meses, eu acho que pode ser algo muito difícil, dependendo da percepção. Eu achei tudo ótimo, mas porque estava preparada “psicologicamente” para estar em casa antes das 21h, pra carregar minha mochila com tudo que ele poderia precisar o tempo todo, para visitar apenas duas cidades em quinze dias, para fazer os programas num ritmo bem mais devagar, para encarar algumas birras nos locais mais impróprios, para trocar fraldas de coco no meio da rua, enfim, para enfrentar alguns perrengues. Mas tudo bem, porque ele estava lá e, mesmo que não vá se lembrar, nós jamais nos esqueceremos de como foi boa a companhia dele. J


Dia em Portugal esperando o voo...