30 de abril de 2011

Reflexões de parto

Eu queria fazer parto normal. Porque é melhor para o bebê, a recuperação é mais rápida, é o que a OMS recomenda, tenho medo de cirurgia, outros “n” motivos e porque, afinal, é normal. Mas acho que nunca tive certeza que conseguiria, porque meu limite para suportar a dor é baixo. Sou bem fresca. Por isso, sempre achei que o mais lógico para mim era fazer um parto normal, mas com analgesia.
Mas não encontrei ninguém que topasse fazer isso. A Ju, que é anestesista e participou de uma discussão sobre analgesia de parto em um congresso, disse que em outros lugares do mundo parto sem nenhuma técnica para diminuir a dor já é coisa do passado. De um passado bem distante. Chega a ser ridículo para a medicina brasileira nosso atraso em relação a proporcionar uma experiência de parto menos dolorosa para as mães. O meu obstetra, por exemplo, questionou “você está querendo parir sem sentir dor??”. Siiiim, oras! Por que não? Não sou uma mulher da idade da pedra, os médicos de parto é que são!
O negócio é que com a peridural, anestesia usada durante o trabalho de parto, pode haver um pouco mais de dificuldade para expulsar o bebê. Nada que impeça o nascimento, mas que vai demandar mais experiência e técnica do médico. Aí entra a história do “Tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é frequinho?”. Os médicos não fazem muitos partos normais, que dirá com anestesia, e aí acabam preferindo fazer cesáreas, já que estão mais acostumados.
Quando engravidei, estava com a mesma médica há mais de dez anos. Ela era ótima, me passava segurança, era atenciosa com as dúvidas, um amor. Mas quando perguntei sobre parto, se mostrou fortemente favorável às cesarianas agendadas, embora garantisse que faria o parto que eu achasse melhor. Acreditei que ela faria o normal se eu insistisse e continuei com ela. Até que, lá pelo sexto mês de gravidez, tive uma forte gripe, com inflamação de garganta e fiquei podre, poooodre! E ela não me atendia. E eu tendo que tomar um monte de remédio, injeção e xarope sem ter a quem consultar se aquilo era seguro mesmo!!! Alguém confia em médico do pronto-socorro??
Era janeiro. Ela estava de férias. Não comentou comigo na consulta anterior. Descobri pela secretária, depois de ligar inúmeras vezes no celular e no consultório. É claro que eu sei que médico é gente e merece tirar férias, mas ela teria que ter comentado comigo e me indicado um médico da confiança dela para eu ligar em caso de emergência. Senti que a confiança se quebrou e fui atrás de outro médico.
Cheguei a receber indicação de uma médica que fazia parto normal, que era a favor da analgesia, mas naquela altura era inviável. Cada consulta era 250 reais e o parto custava 4 mil durante o horário comercial e 6 mil no fim de semana e de noite. Com tantos gastos que a gente tem montando quarto e enxoval, era impossível juntar tanta grana faltando três meses para Téo nascer. Segui a indicação de um médico conhecido do obstetra da família que fez os partos da minha mãe, mas que hoje está aposentado dos partos.
Doutor Tartaruga me pareceu seguro e experiente. Ele não era de muito conversa, esclarecia minhas dúvidas rapidamente e pronto. Nada de ficar falando e falando, como minha médica anterior fazia. Decidi parar de procurar médico quando ele me disse que partia do princípio de que todo parto era vaginal e me garantiu que preferia fazer um parto 4h da manhã a correr o risco de tirar um bebê antes do tempo fazendo cesárea agendada. Isso era fundamental para mim. Não queria marcar o parto de jeito nenhum.
De fato, Doutor Tartaruga esperou que eu entrasse em trabalho de parto. Mas de forma alguma respeitou meu desejo de fazer o parto normal. Hoje, olhando para trás, percebo, inclusive, que ele forçou a cesárea. Quando eu disse que estava com dor e perguntei se era possível fazer algo, ele disse que ia me dar remédios para induzir o trabalho de parto, e eu sabia que isso faria a dor aumentar muito. Eu já estava com quatro centímetros de dilatação e tinha chegado nisso em pouquíssimas horas, mas ele disse que o trabalho ia durar pelo menos, NO MÍNIMO, mais oito horas! E ainda me assustou dizendo que o fato da bolsa ter rompido aumentava o risco de infecção no Téo! Depois descobri que o jeito como a minha bolsa rompeu, liberando o líquido aos poucos, até facilita a saída do bebê!
Bom, agora não adianta chorar o leite derramado. O importante é que Téo está aqui. Lindo e saudável! Mas achei horrível fazer cesárea. Doeu muito o pós-operatório. Meu limite para dor é baixo mesmo! Nos primeiros dois dias eu só conseguia pensar “Téo vai ser filho único, filho único!”. Depois da primeira semana melhorou, eu já conseguia andar com mais altivez, e até sentar e levantar sozinha (apoiando nos móveis, claro).
E para quem ainda não teve filho ou está grávida, eu digo que não precisa se assustar. Só estou contando que a minha cesárea doeu para desmistificar essa história de que é um tipo de parto indolor. Mas muitas mães não sentem dor nem na cesariana nem no parto normal. Além disso, depois desses primeiros dias, você olha para a carinha daquela pessoa que saiu de dentro de você e esquece tudo. Dor? Que dor? Pode mandar mais uns filhos aí que eu aguento fácil!
Tem como pensar em dor olhando para um anjinho desses?

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